Dance conosco: Jazz

Quando falamos de jazz, muitas pessoas associam apenas ao estilo musical. Mas também existe o jazz dança

Esse é um estilo que tem raízes essencialmente populares e originadas da cultura negra. Já nasceu como uma dança do povo e não de elite como outras danças, justamente por isso é um gênero de dança amplamente praticado em todo o mundo. 

Quais os diferenciais do jazz dança?

A proposta desse estilo é trazer mais liberdade para o praticante. O Jazz, utiliza técnicas da dança moderna e também do balé clássico, porém  amplia o vocabulário corporal e a  liberdade de expressão do bailarino rompendo com regras rígidas e somando à sua técnica uma grande variedade rítmica, swing, isolamento das partes do corpo e improvisação.

O Jazz dança é um estilo acessível a todas as idades.  Além de ser uma excelente forma do bailarino explorar o próprio corpo, aprendendo as mais diversas formas de expressão, essa dança também ajuda a trabalhar a parte física, principalmente o fortalecimento muscular, flexibilidade, coordenação motora e postura. 

E por conta da proposta mais livre e criativo, onde o praticante tem mais liberdade para escolher e executar os movimentos, o jazz dança passou a integrar até mesmo a educação corporal infantil.

A história do estilo

A cultura do Jazz é considerada um movimento que partiu dos escravos negros africanos que trabalhavam em grandes plantações de tabaco e algodão, e por isso, apresentava diversas  influências e  índoles. 

Por um lado eram apreciados ritmos e bailes africanos,  presentes por anos na consciência coletiva do povo negro, e  por outro, o gênero estava ligado às manifestações religiosas que as diferentes etnias tinham  como celebrar nascimentos, danças para a chuva entre outros rituais. 

Com o passar do tempo alguns fatores contribuíram para promover o crescimento do jazz como um estilo de dança. Entre eles está a saída do gênero da África, que acabou tendo uma grande aceitação pelo povo americano. 

E também, após a  Primeira Guerra Mundial surgiram mobilizações que  geraram  êxodos de músicos e bailarinos de jazz de  cidades industrias com com alta concentração de negros como  Chicago,  Millwakee e  Nova York, que vinham em sua maioria do sul dos EUA, contribuindo para a popularização da cultura e do estilo. 

Foi nesse período que essa dança de origem negra,  passou a se adaptar a outras características e aperfeiçoamentos técnicos.

Em 1931 Katherine Dunham, bailarina, escritora, coreógrafa e antropóloga começou a coreografar 1931 e consequentemente gerar uma grande mudança .

Suas técnicas eram baseadas em movimentos isolados de partes específicas do corpo, e que assim caracterizam o swing do jazz dance. Ela revolucionou o estilo levando ele ao mundo, e criou o modern jazz dance.

O Jazz também começou a aparecer na Broadway, ainda com apresentações esporádicas, em 1883. Contudo, foi apenas depois da estreia de Porgy and Bess (1935), primeira ópera folclórica que foi escrita por George Gershwin (1898-1937) que o ritmo passou a conquistar um lugar ao lado dos brancos e ampliar suas manifestações e suas possibilidades de linguagem .

Foi assim que que vários profissionais que até então atuavam em diversos estilos, passaram a promover musicais na Broadway e se tornaram referências, entre eles: 

  • George Balanchine (1904-1983); 
  • Agnes de Mille (1905-1993);
  • Robert Alton (1906-1957);
  • Jack Cole (1911-1974);
  • Jerome Robbins (1918-1998);
  • Mat Mattox  (1921-2013)
  • Gus  Giorgano (1922-2008)
  • Bob Fosse (1927-1987)
  • Luigi  (1926-2015)
.

Porém, a verdadeira época de ouro da Broadway se deu depois dos anos 40, com coreografias de Jack Cole, aluno de Ruth St. Denis (1879-1968), foi considerado o ‘pai do Jazz Dance’.  Um dos primeiros coreógrafos  a interagir fundamentos da Dança Moderna, foi responsável pela fusão do Jazz com outros tipos de rituais e  sua técnica viria a influenciar toda uma geração como Matt Mattox, entre outros. 

Além disso, nessa época nomes como Fred Astaire (1899-1987), Marilyn Miller (1898-1936), Leslie Caron (1931), Bill “Bojangles” Robinson (1878-1949) entre outros também passaram a converter o sapateado de rua para uma versão de “espetáculo elegante”. 

Outro nome que se destacou na época foi  Hanya Holm (1893-1992), que criou trabalhos como  Kiss me Kate (1948) e My Fair Lady (1956). Não podemos deixar de citar também Michael Kidd (1919-2007) , que marcou sua história com West Side Story (1957), e também Bob Fosse (1927-1987), o criador do famoso espetáculo Chicago (1975).

No Brasil

Sabe-se que o Jazz Dance  apareceu no país por influência de aberturas de novelas, programas de televisão, propagandas, programas jornalísticos e seriados. Foi assim que os brasileiros tiveram o primeiro contato com as diversas formas de expressão do Jazz, fazendo dele uma forma de dança muito popular nos anos 80. 

Joyce Kermann (1950-2006) escreveu história do Jazz no Brasil. Bailarina formada na Escola Municipal de Bailado do Theatro Municipal de São Paulo em 1968, mudou-se  para Nova York, na década de 70,onde permaneceu por três anos, ministrando aulas em uma das mais conceituadas escolas do gênero, a Steps on Broadway e sendo aluna de grandes ícones como Jojo Smith e Frank Hatchett.

De volta ao Brasil em 1976 montou o Joyce Ballet, que se tornou um centro disseminador do  jazz dance em São Paulo pelo fato de visar o intercâmbio entre os profissionais americanos e brasileiros. Personalidades do jazz americano como Lennie Dale e Jojo Smith eram constantes na escola. Com a ajuda de Dale,  Joyce montou a primeira companhia de jazz dance do Brasil: Companhia de Dança Joyce Kerrmann. 

Outra grande  contribuição de Lennie Dale foi a criação do Grupo Teatral Dzi Croquettes em 1972, que marcou por sua irreverência e inovação artística.

Não foram poucos os nomes que passaram pelo Joyce Ballet. Entre eles destacam-se Roseli Rodrigues, Mário Nascimento, Maysa Tempesta, Roseli Fioreli, Fernanda Chamma, Rose Calheiros, e outros.

Nas décadas de 80 e 90, o nome de Roseli Rodrigues (1955-2010), fundadora do Grupo Raça e da escola Raça Centro de Artes em São Paulo,se destaca no cenário do Jazz no Brasil.

A coreógrafa misturava técnicas e às adaptava ao padrão de corpo brasileiro composto por características particulares, isso contribuía para que bailarinos inexperientes adquiriam consciência corporal com mais facilidade.As coreografias de Roseli eram a tradução literal do jazz dance: swing, polirritmia, hibridismo, liberdade.

Posteriormente, na fase contemporânea, o estilo passa  a incorporar novas características, criando novos modos de se dançar sem perder suas raízes.

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