“1º Ato Esforço de ação coletiva. Arte dividida entre muitos. Ação compartilhada no construir artístico.”Cássia Navas
O Grupo de Dança Primeiro Ato, sob a direção de Suely Machado, realiza um trabalho em dança contemporânea, diverso e singular. Desde o seu início, em 1982, tem por objetivo investigar e ampliar o universo da dança em espetáculos expressivos, com apuro cênico, rigor técnico e forte apelo emocional, através de processos colaborativos de pesquisa, encenação e produção entre bailarinos, coreógrafos, artistas plásticos, arquitetos, músicos, videoartistas, atores. A participação ativa dos bailarinos no processo de criação, como coautores dos espetáculos, traz um resultado consequente para o desenvolvimento do processo criativo. Suely Machado, como diretora-encenadora, analisa cada cena dentro do todo, lapida, dá tempo e clareza à obra, traz a assinatura do Primeiro Ato a cada espetáculo criado.
Esta clareza na direção confere à estrutura uma linguagem que caracteriza o Primeiro Ato como um grupo que subverte padrões e conceitos, sem perder suas origens. Passeia por temas polêmicos, ao mesmo tempo em que brinca com o imaginário, sendo o humor a mola-mestra da maioria de seus espetáculos. O grupo investe na interseção das artes e não se prende apenas aos palcos, mas equilibra os espaços privilegiados com a força caótica das ruas.
Estes processos multidisciplinares de investigação de temas e conceitos propiciam dinâmicas variadas em treinamento e educação, o que confirma a missão do Primeiro Ato em promover a sensibilização do indivíduo na prática da consciência corporal, da harmonia, da concentração e da criatividade, e em estimular o desenvolvimento destas práticas com prazer e autonomia. Contribui, dessa forma, para a atuação de cidadãos críticos, inquietos e autoconfiantes, condição para a formação do artista-bailarino. Uma equipe coesa é sempre estimulada a arriscar na busca de uma expressão e de um resultado estético sobre as relações com o mundo e consigo mesma e, indiretamente, em relação a um ponto de vista político.
O grupo atua significativamente na profissionalização de artistas — bailarinos, coreógrafos, cenotécnicos, iluminadores, produtores — e em ações especiais de formação de crianças e jovens das várias classes sociais de nossa comunidade, além de estabelecer parcerias com empresas que atuam, de maneira séria e responsável, em investimentos culturais e sociais através da arte. Os espetáculos em repertório, as oficinas e debates promovidos ao longo de sua trajetória praticam o diálogo entre população e arte. A identificação do público é imediata justamente pela capacidade criadora de expressar e transmitir sensações ou sentimentos, o que faz emergir o desejo de prolongamento e renovação existente na arte.