Dança dos Figurinos: entrevista com Silma Dornas

A Silma Dornas, desde menina, desenha roupas para a sua família, e gosta de escolher e pensar nas suas roupas. Ela é uma talentosa artista que já trabalhou com moda e com diferentes grupos artísticos da cena mineira e nacional, fazendo e elaborando figurinos.

arquivo pessoal – cedida pela artista

Ela trabalhou conosco no espetáculo “Beijo” (1999), onde fez figurinos da época de Nelson Rodrigues.

Em nossa entrevista com ela, para o Projeto Dança dos Figurinos pela #leialdirblancmg (https://www.secult.mg.gov.br/leialdirblanc), ela nos contou diversas curiosidades sobre sua trajetória e os bastidores.

Aqui, vamos dividir algumas com vocês:

  • A Silma gostava de desenhar as roupas para as saídas nos blocos de rua e escolas de samba de Paracatu, cidade da sua família, onde passou bons carnavais.
  • Ela é uma grande pesquisadora, e sempre se interessou por roupas de época, tecidos e modelagens. Durante o processo do “Beijo” ela achou um acervo grande de tecidos da época, muita sorte! Isso a ajudou muito a dar vida aos personagens. Ela foi capaz de trabalhar várias coisas diferentes com os mesmos tecidos, como no caso dos biquinis da cena das Buchinhas. Cada um é de um jeito, não tem nenhum repetido.
  • Trabalha com cartela de cor intuitiva: “construo num caos”.
  • Para ela, Nelson Rodrigues está no nosso inconsciente emocional e afetivo, perpassando a nossa história na TV, cinema, etc.
  • Para criar ela se guia muito pelo conteúdo das obras, pelo movimento, tema, ela deixa fluir e ama os detalhes. Ela aprecia que os bailarinos sintam que o figurino é a cara deles quando fica pronto.
  • Um grande desafio é o tempo. Geralmente é tudo acelerado para sua mente que sonha a cada encontro e trabalho coletivo.
  • A diferença do 1 ato, na sua opinião, é você conseguir ver cada bailarino em cena, na sua individualidade, sem perder o coletivo, com muita criatividade.
  • Geralmente nos primeiros ensaios gerais ela só vê os defeitos, depois acha tudo lindo e depois pensa que faria tudo diferente ao ver os figurinos prontos.
  • Palavras que ela destacou a partir da experiência conosco e do resultado dos figurinos: fluidez, visceral, amoroso, odioso, sensual, latente.
  • Ela dividiu conosco um pouco sobre suas pesquisas, como: a mulher no começo do pós guerra vestia terninho, andava fardada, com roupas mais secas, pois tinha pouco pano pra produzir as coisas, os panos tinham ido para guerra. Depois, veio a onda Dior, new look, com golas enormes, e a mulher pode sonhar de novo. As roupas eram pomposas, com muita coisa, bem femininas. Era comum usar luvas, chapéu, tudo muito harmônico, leve. Os homens eram mais formais e bem elegantes nessa época.

 

“um sonho é tão bonito para se tornar realidade”…

E alguns deles foram possíveis. A costureira Alcione, que trabalhou com ela no processo do “Beijo”, costurava até então, artesanalmente, e depois desse trabalho conseguiu comprar uma máquina industrial. Nós adoramos saber disso e de várias outras histórias que a Silma nos contou. Vamos nos despedir aqui com um brinde às conquistas e alegrias!

Até o próximo capítulo…

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